segunda-feira, 14 de abril de 2008

Ê Brasília...






Sábado passado tirei o dia para organizar meu planejamento de estudo e me preparar para o IELTS.

Fuis estudar na Biblioteca da Universidade de Brasília, porque gosto bastante, seja pelo clima de silêncio e estudos que o ambiente possui ou pela simples lembrança de como passava horas na biblioteca, além, da incansável "perambulção" na UnB nos meus tempos de faculdade.

Como fazia no meu tempo de faculdade, voltei andando para casa. Nossa!! E como é bom andar pela UnB, sair da biblioteca com o vasto estacionamento e logo se deparar com os grandes bambuzais que ficam por ali, passar pelo minhocão e sua enfervescência mesmo no silêncio, subir e chegar na FT com aquele jeitão de quieta e silêncio e seguir por um grande trecho só de um caminhozinho no meio de um descampado até chegar na L2. Este caminho é só nosso, podemos ir ao Canadá diversas vezes, passar pela nossa infância e sentir os cheiros daquela época, lembrar como a juventude foi corrida e vivida, enfim, é um tempo de pensar naquilo que mais queremos ou no que nossa mente não deixa nos esquecermos.

Cresci na 404 norte e a UnB sempre fez parte de minha vida. Com uns 10 ou 12 anos, uma das brincadeiras que eu e meus amigos mais gostávamos era esperar o pôr do sol, pegar nossas bicicletas e descambar para o minhocão, descíamos a L2 na mai-or ve-lo-ci-da-de rs.... Não era a diversão de somente pedalar no escuro, mas sim a adrenalina de pedalar o mais rápido possível pois tinham uns cachorros do mato que corriam atrás de nós até pertinho do balão da FS. Cabeça de muleque é o ó mesmo!! Vê se pode?! pedalar no meio do escuro e ainda esperar que uns cachorros sarnentos corram atrás de você, graças a Deus ninguém nunca caiu, mas apuros nós passamos mesmo... O pior que quando víamos que os cachorros não estavam lá, voltávamos para casa frustrados, pois não teríamos a nossa "corrida"...

No final de semana, de novo em cima das bikes e, às vezes, de patins, o negócio era ir para UnB andar no minhocão ou sair pedalando no pau a escadaria que dá acesso à Biblioteca. Esta escadaria ainda guarda alguns pedaços de carne de nosso cutuvelos e joelhos. Mas não tinha nada melhor do que descer aquele obstáculo se tremendo todo mas como uma enorme satisfação de não ter nenhum machucado ao chegar no fim...

No tempo de 2º grau e cursinho, vivia na biblioteca e as festas dos CAs eram intensamentes frequentadas. Nesta época a Festa de Arquitetura era a mais esperada do ano e era A FESTA!!
Meu tempo de UnB foi muito bem vivido, nesta époica soube que as festas de Antropologia e muitas das faculdades que terminavam em ia eram para ser frequentadas uma vez ou outra, pois eram "dimais para minha cabeça". rs... Sem contar que muitas delas eram no subterrâneo do minhocão. As que mais gostava era de Relações Internacionais, Direito, Arquitetura e da FAL. Estas sim eram na medida certa.

E em tudo isso fui pensando ao voltar dos meus estudos na Biblioteca. Lembrei-me de como Brasília é bonita e impiedosa ao mesmo tempo. Ela é linda e generosa com os seus filhos, mas os forasteiros penam para acostumar com o seu clima e conhecer as nuancaes que a fazem uma das melhores cidades para se viver no Brasil.

Brasília é o centro de encontro de todos os estados brasileiros. Penso que por ser uma cidade jovem, 48 anos, e receber gente de tudo quanto é lado, ainda não sabemos qual a cultura de nossa cidade. O típico de Brasília é a mistura, é comum vermos um casal onde todo domingo temos o churrascão gaúcho do pai e no sábado o bom e velho frango com piqui dos goianos.

Como Brasiliense fico incomodado quando vejo pessoas falando mal de Brasília, de que aqui só tem corrupto, bandido e outras coisas do genêro. Estas mesmas pessoas esquecem que quem colocou estes bandidos e corruptos em nossa cidade foram elas mesmas por meio do voto e o culpado disso tudo é justamente a sua comunidade e o seu estado, não nós, não Brasília!

E nesta viagem nostálgica fui imaginando que meus filhos não verão nada disto! Terão outra percepção do que é belo e bom. Tudo o que eu e minha esposa passamos farão parte do imaginário deles e preencherão os encontros de família com as velhas hitórias do avô e tudo o mais, rs... Eles terão novas experiências e, muitas vezes, nos ensinarão os costumes de nosso novo país.

Pensando desta maneira, somente no bom que tivemos, podemos até duvidar do que estamos fazendo, mas se lembrarmos de um todo, de como ficamos envergonhados com as coisas que acontecem em nosso país, cidade e comunidade, o que é ruim supera o que temos de bom, pois o bom é individual e depende da nossa perceção, mas o nosso coletivo, que depende da sociedade, é muito ruim. Um exemplo besta foi eu comparar a estrutura que tanto gosto da Biblioteca da UnB com os relatos que temos das bibliotecas canadenses, onde internet é acesso gratuito.

Por outro lado, o que vivemos não deve ser esquecido ou colocado como menor valor e, muito menos, comparado. A nossa vivência é única e deve ser guardada com carinho e respeito, pois são nossas raízes....

Assim foi a minha caminhada até em casa, a lembrança gostosa da minha infância, o amor declarado que tenho à minha cidade e o sonho que estou realizando em levar minha família para conhecer outra cultura...

Abraço e boa semana!